DestaqueLuiz Gonzaga Lima de Morais

Para mim, como jornalista, processo judicial é um troféu. Por Luiz Gonzaga Lima de Morais

ÓTICAS GUIMARÃES

Alguns dias atrás, um colega jornalista dizia, com orgulho, que nunca fora objeto de queixa policial nem de processo. Eu não tenho a mesma razão de regozijo. Enquanto jornalista, não me lembro de ter sido lavrada nenhuma queixa contra mim. Mas quanto a processos judiciais, não posso dizer a mesma coisa.
Ao longo dos mais de quarenta anos de jornalismo, sofri uns dez processos, sempre em época de campanha política. Mas graças aos cuidados que sempre tive no exercício da profissão e a perícia e dedicação de dois dos meus amigos advogados, Dr. Adilson Leite e Dr. Raimundo Nóbrega, nunca fui condenado em nenhum deles. Uns dois ou três ainda chegaram à segunda instância onde foram arquivados, depois de me terem absolvido. A maioria morreu ainda na primeira instância. Sinal de que falei a verdade e não fugi das regras do bom jornalismo.

Mas, apesar da chateação que um processo sempre traz, não me arrependo de tê-los sofrido. Os processos são um sinal de que incomodei a algum poderoso, que em razão do incômodo tentou me amedrontar, para que não repetisse o feito. Continuei a incomodar. E espero continuar, enquanto vida tiver,

Não quero dizer com isso que sou melhor do que qualquer colega. Apenas tenho apurado todas as informações que recebo, para não divulgar mentiras e tenho todo o cuidado na hora de fazer os meus comentários. Nunca esqueci, por exemplo, um episódio que aconteceu há uns dez anos atrás, quando um colega advogado me parou na rua, para me dizer que havia acabado de entrar na Justiça com um desses processos, mas que sabia que não daria em nada. Que havia entrada por insistência do seu constituinte, mas sabia dos cuidados que eu tinha, como jornalista e como advogado, na elaboração de minhas matérias e meus comentários e sabia que eu nunca deixava brecha para uma condenação judicial. Aconteceu o que este amigo previa e o processo morreu, salvo engano, ainda na primeira instância.

Não aconselho nenhum colega a ficar afrontando a Justiça, mas que ninguém deixe de divulgar um fato verdadeiro e que seja de interesse da comunidade, com medo de incomodar a quem quer que seja. Para isso é importante cada um verificar a procedência do fato e a credibilidade que merece a fonte que lhe repassou a informação. Às vezes, podemos cometer algum erro, por termos confiado demais em uma fonte que não merecia esta confiança, mas para isto existe o caminho da retratação, mesmo sem precisar de ser acionado judicialmente.

Esta recomendação é ainda mais atual neste momento em que tantas “fakes news” são divulgadas pelo mundo afora e você pode ser processado e punido, pela simples reprodução de uma notícia falsa. E os processos são muitos mais chatos do que aqueles que eu enfrentei ao longo da vida. Há verdadeiras fábricas de “fake News”. Segundo apurações do Supremo Tribunal Federal há um Gabinete do Ódio, em salas do Governo Federal, incumbido da elaboração de notícias falsas e comentários preparados para enodoar a fama até de autoridades que incomodam os inquilinos do Palácio do Alvorada.
Segundo se sabe há dezenas de jornais eletrônicos e blogs instrumentalizados para divulgar estas “fake news”, razão para que os internautas tenham todo o cuidado com os “posts” que compartilham. Tanto é crime divulgar como compartilhar uma “fake News” e o compartilhador é muito fácil de identificar.
E advertência contra as “fake news”, mais importante do que para os internautas, é essencial para os jornalistas. Divulgar uma “fake news”, muito mais do que crime, pode ser fatal para a sua credibilidade. Por isso, antes de divulgar uma postagem que viu nas redes sociais, procure verificar se não se trata de mais uma “fake news”, para o jornalista, mais fatal do que uma pena de multa ou prisão e a perda da credibilidade. Para aqueles que ainda gozam de credibilidade. Para quem já não a tem, já não há prejuízo. A advertência vale também para responsáveis por “sites”, muitos deles divulgando notícias tendenciosas e de procedência escusa

LGLM


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