ESPECIAL: Um balanço da onda de assassinatos que abalou Patos
Na Wikipédia, o “Aurélio” dos internautas, se pode ler, entre outros louvores, que Patos é “considerada uma das cidades paraibanas de melhor distribuição de renda e estrutura urbana, com baixíssimos índices de violência”.
Como se vê, alguém precisa atualizar a Wikipédia.
Nos últimos meses as estatísticas da violência aumentou “zilhões” por cento em Patos com mortes por armas de fogo praticamente toda semana. Nos momentos mais críticos chegaram a assassinar quatro pessoas em três dias, em duas ocasiões. A população, antes acostumada a um relativo sossego de cidade de porte médio, agora vive apavorada.
A maioria dos assassinatos, conforme ficou demontrado ao se levantar o histórico policial de cada vítima, está ligada ao tráfico de drogas e são possíveis crimes de vingança, acerto de contas e eliminação de “concorrentes”. Quase todas as vítimas dos “assassinos da moto preta”, segundo foi noticiado na imprensa, tinham passagens pela polícia, e por isso, acredita-se que o cidadão sem nenhum vínculo com o mundo das drogas, nem como traficante nem como consumidor, não corre perigo e pode transitar livremente. Ledo engano: a senhora Maria José, mãe de um dos jovens assassinados no dia oito de março na Vila Mariana, procurou a imprensa para informar que o seu filho, Rossinaldo Rogério da Silva Diniz, só foi assassinado porque estava na hora errada, no lugar errado e com a pessoa errada, mas que “morreu sem dever”. Os assassinos o mataram para livrar o flagrante. Com isso se deduz que as demais mortes ocorridas poderiam ter se dado em circunstâncias ainda mais graves, com a morte de pessoas alheias ao tráfico, mas que porventura tivessem o azar de estar por perto no momento do crime.
Bem abastecida de estradas, com saídas para todos os lados, polarizando dezenas de municípios e próxima a três estados, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, Patos é uma cidade importante na rota do tráfico. Em 1998 já se comentava que a cidade era “porto” de “embarque” e “desembarque” do crack, da maconha e da cocaína, mas o curioso é que essa fama ainda não se refletia nas estatísticas da violência. Patos vivia uma situação singular: tinha drogas e drogados, mas não era uma cidade onde o tráfico causasse violência a olhos vistos. Porém a bomba teria que um dia estourar – e estourou – e hoje a violência que vem ocorrendo aqui, em números proporcionais, certamente não fica atrás dos grandes centros.
O Terceiro Batalhão de Polícia Militar, que recentemente trocou de comando na cidade, saindo o Tenente Coronel Guimarães e assumindo em seu lugar o Tenente Coronel Dutra, tem realizado blitzs e colocado sua inteligência e força no intento de prender os “assassinos da moto preta”. Por três vezes, nesses últimos dois meses, os policiais participaram de diligências contra elementos envolvidos com drogas e suspeitos dos crimes. Numa dessas diligências, no dia 12 de fevereiro, morreu Rinaldo Tiburtino da Silva, vulgo “Nego Pinto”, que tinha várias passagens pela polícia. Quatro policiais, dois militares e dois civis, saíram feridos do conflito. Os policiais também prenderam, na ocorrência, o acusado Antonio Wellington Araújo Barros, vulgo “Da Lua”.
Recentemente a polícia cercou um dos suspeitos, Josicláudio Vieira, vulgo “Cacau”, residente na Rua do Meio e, na operação, conforme informou a própria polícia, “Cacau” foi morto por reagir à voz de prisão. Ele foi levado ainda com vida para o Hospital Regional de Patos, mas não resistiu e veio a óbito. Segundo a polícia “Cacau” era acusado de participar de seis homicídios ocorridos em Patos nos últimos meses e mais duas tentativas de homicídio.
A mãe de “Cacau”, a senhora Marinez Vieira, procurou a imprensa de Patos e questionou os métodos da polícia. Disse que seu filho não havia reagido à prisão, sendo morto, segundo ela, sem trocar tiros com a polícia, e também negou a participação de seu filho nos recentes crimes ocorridos em Patos. “Ele era um bom filho e não fazia mal a ninguém. Diziam que era quem matava todas essas pessoas, então agora, com ele morto, vamos ver se os crimes não vão ocorrer mais”, disse ela em prantos. O delegado Manuel Martins afirmou que havia um mandado de prisão expedido pela Justiça contra o Josicláudio Vieira e que houve sim uma reação por parte dele, levando os policiais a dispararem contra ele.
Patos vive dias nervosos. A morte de pessoas, vítimas de armas de fogo, em plena luz do dia, em ruas movimentadas, passou a ser uma realidade que a cidade não conhecia e vem provocando a justa indignação da população. Sangue e lágrimas têm molhado tanto a cidade que as grandes chuvas que foram dadas em Patos nos últimos dias não foram suficientes para lavá-los.
Nas fontes abaixo colhemos material para essa matéria e todas as fotos. Em especial agradecemos ao Tenente Dedeu, do Blog Policial, Agnóstico e Amenidades e a Marcos Oliveira, do patosonline.
Blog do 3° BPM: http://www.3bpm.blogspot.com/
Policial. Agnóstico e Amenidades: http://gj.dedeu.zip.net/
Blog Garimpando Palavras: http://www.garimpandopalavras.blogspot.com/
Fotos na sequência:
Aislan Vieira – Bivan Olinto
Assassianto no Monte Castelo
Rejane – São Sebastião
Wnaziely – Novo Horizonte
Wandecy Medeiros